segunda-feira, julho 12, 2004

Meza Verde

Era manhã lá fora, acordei nervoso e com o corpo todo dorido. Levantei-me da cama com as marcas bem visíveis da pancada recebida na madrugada anterior, carregava no meu corpo o cheiro aromático da Patrícia, tal como o seu sangue derramado.
Abri a janela do quarto, tive a visão aterradora do pobre estado que o meu carro ficou, todo danificado, com o lado direito todo amachucado e os pneus retalhados.
Tentei não pensar no assunto e meti-me na banheira, não sem antes telefonar para a oficina e anunciar-lhes um novo presente que os aguardava.
Telefonei igualmente ao Zé Luís, agora completamente mergulhado, da cabeça para baixo, num banho turco e acompanhado por um cálice de vinho do Porto. Na noite anterior, tinha recolhido mais cedo a casa para descansar e recuperar das mazelas, ficando na obrigação, assim que acordasse, de me apresentar na esquadra de Polícia da minha zona de residência. Nem era mau de todo, é a mesma onde o pai do Zé Luís trabalha.
Combinei as coisas com ele de modo a me ir buscar à oficina, visto que iria ficar sem carro durante uns dias.
Saí do banho e fui tratar da minha vida. Pela primeira vez, em muitos fins-de-semana, saía de casa antes da hora de almoço, pouco passava das nove da manhã.
O Zé já esperava por mim à porta da oficina, deixei o carro por lá e fomos directos para a esquadra.
Comecei a entrar em stress, o interrogatório prolongava-se, contava o que sabia e o que eles queriam ouvir da minha boca. Os polícias insistiam que lhes escondia qualquer coisa mas como não formaram uma acusação contra mim, tiveram de me deixar sair em liberdade, no entanto, avisaram-me para ter cuidado com os meus passos e com quem me envolvia.
Estive duas horas retido na esquadra, sentia-me exausto e queria relaxar.
Onde queres que te deixe? – perguntou o meu amigo Zé.
Leva-me ao ginásio, se fazes favor. Estou uma merda e preciso duma massagem.
Necessitava urgentemente dumas mãos milagrosas a cuidarem de mim. O Zé foi embora para casa e disse que logo ligaria para saber qualquer coisa da investigação policial, com um sorriso cabrão nos lábios, sabendo ele que eu estava mais que fodido e enterrado até ao pescoço na palhaçada da noite anterior.
Saí dos balneários e, no corredor, avistei um rabinho que me era familiar, aproximei-me do belo naco de carne. Era a minha doce Elsa, uma doçura de mulher, ainda sentia por ela uma química enorme e a chama da nossa paixão reacendia sempre que nos víamos.
Dispensei outras mãos que não fossem as dela, qualquer outro toque seria estranho, comparado com a sua suavidade e calor característico que tanto me excitou no passado.
Trocámos dois beijos de cumprimento mas rapidamente ficámos colados ao corpo um do outro e mais beijos se seguiram... Carícias breves e um minuto depois estávamos fechados na sala de Aeróbica e sem ninguém por perto. Naquela hora não iríamos ser incomodados o quisemos meter em dia a nossa conversa corporal.
As nossas saudades eram imensas, não nos víamos há bastantes dias e os nossos corpos ferviam de excitação. Os beijos desenrolavam-se em carícias múltiplas e cada vez mais penetrantes, as roupas iam caindo no chão e a nossa linguagem corporal estendia-se a todos os horizontes que se iam redescobrindo à medida que ficavam destapados.
Por entre as carícias, obrigatoriamente falámos sobre a aventura na noite anterior, a minha querida enfermeira Elsa já sabia das novidades. O Alexandre entrou no serviço hospitalar dela, naquela madrugada, com uma bala alojada no rabo, dificilmente passaria despercebido.
Deixámos a conversa para outra altura, a excitação era tão intensa que o nosso vocabulário ficou significativamente reduzido a gemidos e gritos de prazer, queríamos dar uma foda e outra utilidade às nossas línguas.
Os nossos corpos entraram em sintonia, a enorme sensação de cansaço que me assombrava o corpo, minutos antes, deixou de existir e esse vazio rapidamente se preencheu com o calor dos curativos da minha enfermeira preferida.
Elsa tinha agora apenas umas cuequinhas brancas vestidas e eu mantinha os meus calções, ainda.
Comecei por brincar com os redondinhos seios da Elsa e apertar aqueles mamilos, estavam rijinhos e completamente espetados. Os meus lábios estavam em permanente contacto com os seus. O calor dos seus beijos aumentava vertiginosamente e estávamos embalados para mais uma maravilhosa sessão de amor.
Permanecia com uma mão no seio direito da Elsa e fazia descer a outra pelas suas costas, sentia o calor do seu corpo e excitava-a cada vez mais. Os meus lábios percorreram pelo seu pescoço e cercaram-se do biquinho dos seus mamilos.
Elsa fez cair a sua mãozinha marota pelo meio peito e penetrou nos meus calções, agarrou-me na gaita e eu baixei os calções. Via no brilho dos seus olhos, o desejo por este momento, apetecia-lhe esta foda, tal como a mim.
A sua boca apoderou-se do tolinhas e não mais o largou até quase me vir, chupava-o vigorosamente alternando com uns beijinhos doces na cabecinha da gaita. Tão querida a Elsa, certamente lembrava-se que aquele pedaço de carne do meu corpo lhe dava imensas alegrias e estava agora a retribuir o afecto.
Pedi-lhe que parasse e disse-lhe que era tempo de eu tratar dela.
Trocámos miminhos, estávamos agora sentados no chão acolchoado da sala de aeróbica, e a minha cabeça desceu para o seu colo. Retirei cuidadosamente as suas cuecas e comecei de imediato a lamber aqueles lábios vaginais. As minhas mãos continuavam nos seus seios, apertava-os e escutava com prazer os seus gemidos.
Elsa agarrou-me no cabelo e empurrou a minha cabeça na direcção da sua bonita rata, povoada por uma pequenina fila de pelinhos acima do clítoris. Lambi cada pedacinho delicioso daquela zona, chupei o seu clítoris e mantive-o entre os dentes, soprando-lhe breves lufadas de ar quente até ela se vir.
A minha enfermeira estava pronta para mais, queria ser penetrada e pediu-me que o fizesse.
Ela deitou-se de costas no chão e inclinou-me sobre o seu corpo, puxei as suas pernas para mim e levantei-as para cima dos ombros. Penetrava agora a Elsa, ela sorria e gemia, beliscando o meu corpo enquanto eu lhe beijava a palma dos pés. Estávamos num êxtase tal e sem precedentes, talvez fosse por culpa das saudades.
Não queríamos ficar simplesmente por ali nem acabar logo com aquele momento, Elsa sentou-se no meu colo e rodopiou sobre mim enquanto se deixava penetrar, encaixando na perfeição no meu corpo e ficámos ali abraçados, aos beijos e fodendo que nem animais.
O clímax estava próximo, levantámo-nos e encostei a minha doce Elsa contra a parede.
Caminhei calmamente para junto daquele corpo maravilhoso, ficava cada vez com mais tesão a cada passo que avançava na sua direcção. Ela tomou-me nos braços e saltou para o meu colo, apoiando as costas na parede.
O sexo tinha-se tornado mais selvagem e muito mais excitante, fodiamos para esgotar o resto das nossas energias e estávamos próximos desse fim. Pouco tempo mais iríamos aguentar àquele ritmo...
Tivemos um orgasmo muito barulhento, pingávamos suor por todos os poros e caímos exaustos no chão.
Aguardámos uns minutos antes de nos vestirmos e ir para os balneários, levei algum tempo para recuperar o fôlego, estávamos ambos bem saciados.
Fomos tomar um duche depois de tanto reboliço, a nossa aula de ginásio estava terminada. Se poucas forças me restavam no corpo quando ali tinha entrado nesta manhã, ainda menos me restariam agora depois da Elsa ter rebentado comigo, uma vez mais. Estava cansado mas com um sorriso nos lábios, até abrir a merda da torneira do duche me parecia uma tormenta e um esforço sobrenatural mas tinha o espírito revitalizado. O tolinhas tinha esguichado que nem um porco, estava feliz e eu também.
Elsa ia entrar no turno das quatro, não dispunha de muito tempo para almoçar mas mesmo assim insistiu que fomos juntos ao Hospital ver o meu amigo Alexandre.
A Diana telefonou-me entretanto, ainda me encontrava no balneário do ginásio. Queria ir almoçar comigo, em parte para falarmos sobre a Patrícia mas também para me agradecer o que tinha feito pela sua irmã.
Acabei de me enxugar, arrumei o saco e esperei pela bela Elsa que saiu poucos minutos depois e fomos no seu carro para o Hospital.
O Luizinho e a Diana esperavam-nos no Hall de entrada e acompanhou-nos na visita ao quarto do Alexandre. Com a influência da Elsa, entrámos pela enfermaria dentro sem que nada nos fosse perguntado.
Mal as portas do elevador se abriram no andar da enfermaria, um certo mau cheiro tomou conta do ambiente, deveria ser aqui que tinham depositado todos os desgraçados que sofreram merdas na noite anterior. Seguimos o rasto até ao quarto onde estava o Alexandre, aquela merda cheirava a adega, possivelmente dos peidos e arrotos alcoolizados que os dois animais que estavam lá dentro teriam dado de noite. Para além do intenso cheiro a vinho, este local parecia um circo de aberrações. Nele estavam dois desgraçados, o Alexandre era um deles, vitimas da atribulada noite anterior. O Alexandre, numa das camas, deitado de rabo para o ar e o outro coitado estava a dormir no chão, tinha pinta de drogado e deveria estar a ressacar.
João! Foda-se, caralho! – gritou o Alexandre, assim que me viu entrar no quarto.
Que triste figura se encontrava este gajo, deitado de barriga para baixo, rabo espetado e sem nada a tapar. Estranhei ele ter o rabo destapado. O Alexandre não parava de resmungar, estava chateado e bastante alterado.
Esse paneleiro tentou-me enrabar, filho da puta.
Está aqui um gajo com uma bala na peida e ainda nos querem foder.

Começava a perceber o porquê de ele estar com o cú destapado e a razão de tamanha agitação.
A Diana ficou boquiaberta, sem saber o que dizer. O Luís ria que nem um parvo e sadicamente com aquela situação enquanto que a Elsa tratava de cobrir o Alexandre com o lençol.
Calma lá, caralho. Conta-me o que se passou. – disse eu.
Esta manha quando acordei... A primeira merda merda que vi foi a cara sorridente desse cabrão a ressonar em cima de mim. – insistia o Alexandre, completamente revoltado.
O tal cabrão continuava a ressonar, agora no chão frio do quarto.
Com a ajuda do Luís, peguei no gajo pelos braços e deitámos o bicho em cima da outra cama do quarto.
A Elsa apressou-se a chamar a enfermeira de serviço e a Diana reconfortava o pobre Alexandre que estava todo fodido e desconfiava ter sido literalmente fodido.
Acorda atrasado! – gritei eu para o cabrão, dando-lhe duas chapadas.
O gajo finalmente acordou, após alguns chocalhos e mais duas chapadas à mistura.
Epah... o que é que queres? – dizia o gajo, babando-se todo.
Ouve lá animal...
Que fizeste ali ao rapaz?
– perguntei-lhe eu.
O que é que queres? Diz lá...
Ele não falou mais que aquilo e voltou a adormecer.
Levou mais um par de estalos, a ver se lhe passava a ressaca.
Que foste fazer para cima dele? És paneleiro ou quê? – insistia eu.
Nele?! Era um gajo?
O cú tinha pêlo... não comi.

Fiquei sem palavras, no meio desta merda toda, consegui achar piada àquele coitado e desmanchei-me a rir. Os únicos que não se riram foram os próprios envolvidos na palhaçada, o Alexandre continuava a resmungar, lançando caralhadas por tudo o que era lado e lá ia chamando de paneleiro ao outro, este nem reagia devido à quantidade de droga que ainda tinha naqueles cornos e voltou a adormecer.
Elsa regressou com algumas colegas ao quarto, fizeram um novo curativo na nalga do Alexandre e deram-lhe uma qualquer coisa para as dores. Foi tão forte que ele caiu imediatamente ferrado no sono e tínhamos agora algum descanso nas nossas cabeças sem aquela gritaria toda.
Eram horas de almoço, Diana insistia que precisava de falar comigo e pediu-me para irmos almoçar juntos, o convite foi também alargado ao Luizinho e à Elsa mas a minha doce enfermeira entrava ao serviço dentro de pouco tempo e recusou o convite.
O Luís veio connosco, pouco mais tinha a fazer ali e também ele precisava de apanhar ar fresco que aquele cheiro a adega estava a deixar todos mal dispostos.
Fomos até Setúbal, a um restaurante na avenida Luísa Todi e bem conhecido pela qualidade do seu peixe. Diana estacionou o carro junto ao cais e aquelas poucas centenas de metros que nos separavam da porta do restaurante foram percorridas sem que uma palavra tivesse sido trocada, num profundo silêncio. Era natural, as memórias da noite anterior permaneciam demasiado vivas e ninguém conhecia a melhor forma de relembrar tudo aquilo.
Diana não sabia por onde começar, penso que ela guardava alguma culpa consigo por aquilo que a Patrícia tinha feito. Reconfortei-a e trocámos as primeiras palavras e emoções ao sabor do bom vinho tinto pedido e de umas deliciosas entradas, tudo se tornou mais fácil e simples de ser revivido, tínhamos sido todos vítimas dum esquema bem montado pela Patrícia mas não lhe guardava rancor, apesar de tudo, tínhamos passado momentos maravilhosos na companhia um do outro.
Perguntei-lhe pela Patrícia... Diana foi vaga na resposta e insisti com ela para me dar alguma resposta concreta.
Algumas garfadas no prato depois e com a refeição quase terminada, Diana contou-me onde a irmã estaria. Sem adiantar muito, disse-me que tudo tinha sido planeado com antecedência e que na verdade não sabia realmente mais nada sobre a Patrícia porque a tinha visto pela última vez, na mesma altura que eu, pouco antes da polícia chegar ao armazém.
Fiquei excitado com a ideia de voltar a ver novamente a Patrícia...
Leva-me até ela! – pedi-lhe eu, afastando o prato e preparando-me para pedir a conta.
João... Sei como te sentes mas as coisas não são assim tão simples.
Por favor Diana, eu adoro a tua irmã. Leva-me contigo até ela.
– voltava eu a insistir.
Está bem, sabia que seria difícil te afastar de tudo isto.
Ontem, quando saímos do Portão, sabia que ela estaria a cometer o maior erro da vida dela e ao comprometer-te com isso deixou-me chateada mas talvez tivesse sido isso que ela quisesse, ligar-te definitivamente ao seu destino.
– disse a Diana, deixando escapar uma lágrima pelo seu lindo rosto.
Elas de facto tinham estado a discutir mas a Patrícia foi curta nas palavras assim que entrou no carro e não quis esclarecer o que se tinha passado lá fora com a irmã, agora sei do que se tratou.
Pagámos a conta e fomos rapidamente para o carro.
Diana conduzia em direcção à serra da Arrábida, ali tão perto e que nos servia de cenário de fundo. Perguntei-lhe, na brincadeira, se ainda queria ir tomar um banho numa das praias da Arrábida antes de ir ter com a Patrícia, ela sorriu discretamente e fez aquele seu olhar delicioso de mistério. Não sabia porque me levava para aqueles lados mas seria algo a ver com a Patrícia.
Tínhamos saído há pouco mais de quinze minutos do restaurante, estávamos já em plena serra e a Diana estacionou o carro na entrada do Parque de Campismo local. Fiquei curioso de saber o motivo de tal paragem.
Porque parámos aqui no Parque?
Tem calma João, já vais ver...
– respondia a Diana.
O Luizinho que tinha permanecido calado durante toda a viagem, dava agora um ar da sua graça...
Eu é que não posso ter mais calma que isto.
Estou mal da barriga. Vou ali cagar, já venho.

A Diana também saiu do carro e foi chamar alguém à portaria.
Quando voltou para o carro, vinha sorridente e desligou o motor.
Seria este Parque de Campismo escondido na serra da Arrábida o seu local de fuga caso algo corresse mal?
Na verdade, algo correu realmente de forma inesperada e possivelmente ela estaria aqui.
Uma jovem aproximou-se do carro da Diana, bateu no vidro e pediu-nos que a seguíssemos. Não era a Patrícia mas sim a amiga dela que lhe forneceu abrigo dentro do Parque. Diana ligou o motor e seguiu a jovem que caminhava devagar nas estradas de terra batida do Parque.
Estacionou agora definitivamente o carro, junto à tenda da misteriosa rapariga.
Saímos do carro e fui procurar o Luizinho, que tinha ido cagar numa das casas de banho do Parque e voltaria assim que o encontrasse.
Entrei numa das casas de banho e lá estava o Luís, ouviam-se os seus gritos à porta, o cagalhão deveria estar difícil de sair. Eram quase quatro da tarde, o almoço ainda nem me tinha assentado no estômago e já queria mandar cá para fora quilos de merda. Entrei num cubículo vazio e caguei toda a merda que me pesava na alma. Demorei algum tempo a vazar a tripa mas o Luizinho ainda continuava às voltas com a sua merda e a julgar pelos gritos do gajo, o assunto parecia demorado. Talvez tivesse ingerido cimento líquido misturado com a bebida, coitado, deve pensar que os gajos duros só cagam merda dura. Agora estava ali agarrado à sanita que se fodia.
Esperei por ele do lado de fora dos lavabos.
Todos aqueles que entretanto saíam de lá, vinham sorridentes e um deles acabou por fazer um comentário...
Chamem uma ambulância, está ali dentro um gajo a morrer!
Ele lá acabou por sair minutos depois, visivelmente mais relaxado e menos barulhento.
A Patrícia já se deveria ter revelado e saído da toca, esperava encontrá-la a qualquer momento.
Chegámos à sua presumível tenda, tinha o fecho aberto e entrei lá dentro.
Os meus olhos encheram-se de lágrimas ao ver aquela bela mulher novamente, não pensei em mais nada e abracei-a, num demorado abraço que terminou com um molhado beijo.
A amiga da Patrícia saiu lá de dentro e o Luís tomou o seu lugar, era uma tenda supostamente para seis pessoas mais não cabiam lá mais de quatro.
João, que fazes aqui?
Pensei que nunca mais me quisesses ver.
– dizia a Patrícia.
Não sejas tontinha, sabes que eu te adoro.
Precisava de te ver e dizer que te perdoo de tudo o que se passou ontem.
Apenas precisava de te ver...

Patrícia não me deixou falar mais, pegou na minha mão e levou-me a passear pelo Parque.
O Luís e a Diana juntaram-se a nós, bebemos um café na esplanada local e a Patrícia explicou-nos o que iria fazer a partir daquele momento. Tinham chegado uns tipos engravatados ao Parque, ela contou-nos que eram os compradores dos diamantes que ela desviou na noite anterior e que com o dinheiro da venda, se mudaria para um sítio bem longe, pelo menos até a situação acalmar.
Esses são os diamantes que faltavam na bolsa que deste ao Marco? – perguntei eu.
Sim, são esses. – respondeu ela, suspirando.
Sabes que íamos morrendo por essa merda!
Patrícia, vê lá no que te metes desta vez.
– alertei eu.
O tempo escasseava, a troca seria feita dentro de uma hora e fora do Parque de Campismo.
Deixámos o carro da Diana dentro do Parque e subimos a Serra a pé, o local não ficava muito longe dos portões do Parque mas era uma caminhada sempre a subir e sob um calor abrasador.
Chegámos finalmente ao local marcado e na hora marcada, tinha sido uma caminhada violenta mas seria um alívio ver a Patrícia desfazer-se daqueles diamantes, poderia ser que metade dos problemas actuais acabasse por desaparecer. Estavam dois gorilas vestidos de preto do lado de fora dum Mercedes também preto e outros tantos lá dentro. Sem dúvida, estes gajos cagavam cenário e a fatiota ficava a matar.
Eles não gostaram da escolta improvisada que a Patrícia levava mas deixaram de se preocupar com a presença de nós os três, assim que viram os diamantes.
Um dos mafiosos, abriu a mala do carro e entregou uma pasta à Patrícia, apertaram a mão e ela regressou para junto de nós. Os gajos meteram-se rapidamente dentro do Mercedes e saíram dali a toda a velocidade, levantando poeira por todo o lado.
Tínhamos a praia no horizonte a pouco mais de cinco quilómetros, era uma vista fabulosa sobre toda a Serra da Arrábida. Fiquei mais descansado, agora que as coisas pareciam menos agitadas e sem os diamantes a interferir nas nossas vidas, pelo menos aparentemente, propus que fizéssemos uma pequena caminhada pela Serra e acabássemos na areia da praia.
Começámos a descer a Serra na direcção do mar, não pelas estradas mas sim a corta-mato.
O terreno era bastante acidentado, não foram poucas as vezes que escorregámos nas pequenas pedras soltas e tropeçámos nas raízes gigantescas daquele local. O pobre Luizinho teve menos sorte, para além de escorregar e cair desamparado no áspero relevo, descobriu da pior forma que não era o primeiro caminhante a cruzar aquele ponto da Serra, já antes outro gajo qualquer tinha lá deixado o seu cagalhão que agora tinha ido de encontro às calças do Luís. Foi a gargalhada geral, o próprio Luizinho sorria deitado em cima do monte de bosta, não se apressando a levantar do chão enquanto não tivesse gozado o suficiente com a situação, talvez de forma a desvalorizar o facto de ter escorregado numas ervas e ter ido a rebolar Serra abaixo até um monte de merda.
A Diana aproveitou para ir fazer um xixi e o Luís tratava de disfarçar a marca do cagalhão impressa nas calças de ganga. Fiquei um pouco a sós com a linda Patrícia, não consegui evitar de a beijar novamente, este seu beijo foi correspondido e senti nela um crescente calor.
Afastei o meu corpo do dela, a Diana tinha voltado e o Luís já se tinha recomposto da queda.
Estávamos a chegar à praia da Figueirinha, algo mais vinha-nos acompanhado aos quatro desde a queda do Luís... era o horrível cheiro a merda que o Luís transportava. Ainda lhe sugeri que deitasse as calças fora e fosse em cuecas para a praia mas merda por merda, lá ficou aquela menos visível e tivemos que aguentar até ele mergulhar vestido nas águas do rio Sado.
As pessoas em volta deveriam de nos achar maluquinhos, acabados de chegar à praia e já um de nós tinha entrado vestido dentro de água, com uma marca bem visível de cagalhão perto da cintura das calças enquanto os outros, nós ali sentados na areia, ríamos que nem parvos.
O Luís voltou da água, o cheiro tinha ido com a maré mas permanecia a marca.
Poucas horas de claridade restavam neste dia, as pessoas começavam a ir embora para as suas casas e a praia ia ficando cada vez mais nossa.
Estávamos ali deitados na areia da praia, tudo o resto à volta deixara de importar, aproveitávamos o momento como se fosse o melhor das nossas vidas e adormecemos com os últimos raios de Sol que nos iluminavam as faces.
Patrícia foi a primeira a acordar e acordou-me a mim.
O Sol estava escondido, a solarenga tarde tinha dado lugar a uma noite bonita, com muitas estrelas visíveis no céu. Acordámos o Luís e a Diana, também eles tinham perdido a noção do tempo e ficaram deslumbrados com o céu que se deparava sobre as suas cabeças.
Era demasiado tarde para voltarmos para o acampamento, a praia estava completamente deserta para além de nós. No relógio já marcava um novo dia, poucos minutos passavam das duas da manhã.
O frio da noite envolvia os nossos corpos, fomos procurar uns paus para fazer uma fogueira.
Fizemos uma fogueira, com a ajuda do isqueiro da Patrícia e as calças do Luís que para pouco mais serviam que serem queimadas. O calor da fogueira aqueceu os nossos corpos mas aquele calor não era sequer comparável com aquele que eu emancipava na direcção da Patrícia. Peguei-lhe na mão e levantei-a para um passeio pela praia.
Afastámo-nos poucos passos da Diana e Luís mas onde a luminosidade da fogueira já não chegava, caímos abraçados na areia da praia e ficámos ali enrolados aos beijos. Apenas rebolávamos felizes pela areia, não houve mais nenhum contacto físico que não aquele, estávamos satisfeitos e saciados.
Voltámos para junto deles, deitei-me na areia e esperei que a Patrícia descesse até junto de mim.
As calças do Luís tinham dado uma boa fogueira mas que agora se extinguia.
O Luís e a Diana abraçaram-se para se abrigarem do frio e adormeceram. Eu e a Patrícia ficámos um pouco mais acordados, queríamos trocar palavras, olhares e acima de tudo sensações. Ela colocou a sua cabeça no meu peito, demos um último beijo e adormecemos.

Algo me estava a acordar...
Sentia o corpo caloroso da Patrícia em cima de mim, à medida que ia abrindo os olhos, mas algo mais estava em contacto comigo. Foda-se, era a língua dum cão. Afastei o bicho da minha cara e ele lá foi à vida dele. A minha cara cheirava e certamente saberia a saliva de rafeiro, desviei a menina para o lado e fui lavar a tromba na água da praia.
Voltei para junto deles, a Patrícia começava a despertar e o Luís continuava abraçado à Diana.
Tínhamos queimado as calças do rapaz na fogueira, foi então que reparei que ele estava mais do que simplesmente dormir. O rapaz estava cheio de tesão do mijo por estar ali abraçado à bela Diana, estaria certamente a ter algum sonho assim mais para o cor-de-rosa e daqueles que acabam com as paredes pintadas de branco. Não conseguia parar de rir ao ver o Luizinho assim. Abanei o gajo... acordou com um sorriso cabrão nos lábios e uma menina linda nos braços. Alertei o gajo para aquele pormenor e ele foi tratar daquilo atrás do barracão dos gelados, a algumas dezenas de metros dali. Foi mijar ou esgalhar o pessegueiro, qualquer uma das situações deveria de lhe resolver o problema momentaneamente.
Acordei a Diana com um beijo na face, sob o olhar atento da Patrícia que depois sorriu.
Diana acordou ao segundo beijo, tinha a face quentinha apesar do frio da noite.
Esperámos que o Luís voltasse do que estava a fazer e regressámos ao Parque de Campismo.
Tinha uma mensagem no telemóvel, era da Elsa.
O Alexandre desapareceu esta manhã do Hospital depois de saber que ia fazer uma endoscopia. A enfermeira de serviço explicou-lhe que era um exame com uma sonda pelo intestino e ele fugiu para a rua, com a bata do Hospital. João, tenta encontrá-lo.
Adeus fofura

Este Alexandre é um maluco do caralho, agora foge do Hospital só com a bata vestida. Coitado, até o compreendia, ser ameaçado de levar com uma sonda pelo peida acima é motivo mais que suficiente.
Caminhámos durante imenso tempo, pressentia que algo de anormal acontecesse assim que chegássemos ao Parque. Estava tudo demasiado calmo, somente escutávamos os nossos passos no asfalto.
Entrámos no Parque de Campismo, exaustos pela longa caminhada e fomos para a tenda. A amiga misteriosa da Patrícia tinha arranjado uma nova tenta, estava montada ao lado da dela e deveria ser para nós, simpática a rapariga.
A Patrícia mostrou-se apreensiva com alguma coisa, pediu as chaves do VW Golf à irmã e disse que tinha de ir urgentemente ao Barreiro guardar o dinheiro da venda dos diamantes. O Luís viu ali uma oportunidade para ir para casa e insistiu com a Patrícia para que esta lhe dessa boleia. Ela aceitou e pediu-me para que eu e a Diana ficássemos a guardar o que estava dentro da tenda.
Eles meteram-se a caminho e eu fui com a Diana para dentro da tenda.
Ainda não tinha recuperado totalmente as forças e quis ir descansar um pouco.
Estava ali deitado ao lado duma mulher linda, aqueles longos cabelos loiros tocavam-me no rosto e um pouco mais profundo ainda, esta rapariga começava a mexer comigo.
Diana estava deitada com a cabeça sobre o meu braço esquerdo, olhou-me fixamente e algo de mágico surgiu naquele momento. Os nossos lábios tocaram-se, puxados por uma força enorme.
A magia alastrou-se para as nossas mãos, estas percorriam livremente pelos corpos que aqueciam cada vez mais a cada toque trocado. Tirámos as nossas roupas, não apenas algo de mágico tinha tomado conta de nós mas também uma parte animal surgia dos nossos corpos e um instinto predatório cada vez mais forte que necessitava de ser saciado.
Penetrava a bela Diana e beijava os seus seios redondinhos com ternura, ela abraçava-me e gemia suavemente ao meu ouvido. Mudámos de ritmo, de posições e de brincadeiras mas a excitação era sempre crescente. A nossa linguagem era simples e entendíamo-nos às mil maravilhas. Os nossos gemidos e suspiros eram suficientes num diálogo que se prolongava por longos momentos, em dois corpos calorosos.
Perdemos a conta ao tempo e a todos os momentos mágicos que vivemos. Diana, na sua voz doce e ofegante, dizia-me que estava saciada e abraçou-me, selando a nossa união com um longo beijo nos lábios que só foi quebrado pelo irritante barulho das sirenes da polícia, lá fora no Parque de Campismo.
Vestimos qualquer à pressa e fomos ver o que se passava.
O carro da Diana estava novamente no Parque e próximo da nossa tenda.
Não havia sinal da Patrícia, seria isto tudo por causa dela? Não sabia mais no que pensar.
Uma voz surgiu por trás de nós...
Enquanto vocês estavam na tenda, ela teve tempo para fugir antes da polícia chegar.
Não a vão encontrar agora, ela sabe para onde vai...

Virei-me para ver quem falava, era a tal amiga misteriosa da Patrícia.
Como assim? – perguntei eu.
Ela deixou as chaves do carro na ignição, podem ir quando quiserem. – finalizou a tal rapariga.
A Diana estava preocupada com a nova fuga da irmã mas também com a possibilidade de ela nos ter visto a fazer amor dentro da tenda. Na altura não demos por nada mas a Patrícia sabe ser bastante subtil quando quer.
Fiquei novamente sem saber do paradeiro da Patrícia e desta vez a Diana também não sabia de nada.
Esperámos que a polícia fizesse as suas buscas pelo Parque e saímos calmamente a caminho de casa.
As nossas vidas tinham mudado, tentámos não pensar no que haveríamos de fazer no futuro e sim relembrámos em conjunto, simplesmente trocando olhares, os belos momentos que passámos horas antes.
Diana deixou-me em casa, despedimo-nos com dois longos beijos nos lábios molhados.
Esta rapariga tinha-se apoderado duma parte de mim, talvez fosse uma virtude de família que a sua irmã também possui.
Despi a minha roupa e meti-me na cama, estava completamente de rastos e sem as mínimas forças para fazer mais alguma coisa que não dormir. Então adormeci.

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